sexta-feira, 30 de março de 2012

A Origem do Abismo do Desespero

Por Rostand Medeiros

Amigos,

Eu acho que foi em 94, ou 95, sei lá! Mas sei que o grupo era eu, Chico Bill, Ari, Fabinho e o grande Neilton. Fomos no meu velho Fiat 147 branco, que tantos serviços prestou a espeleologia potiguar e ficamos arranchados em uma escola perto do parque de vaquejada de Jandaíra. Na época eu era do CERN.
Depois de cavernar o dia todo, fomos a uma indicação que Chico tinha recebido de alguém em Jandaíra. Lembro-me que fomos procurar um Senhor que na época morava perto desta cavidade. Chico soube que ele estava quebrando calcário e aí se deparou com um túnel que levava até o abismo.
Chegamos lá e vimos o negócio. Caraca! Erámos os primeiros a entrar.
Daí nós montamos rapel, escadinha, etc. Acho que eu fui o primeiro a entrar. Depois vieram Chico e Neilton e não me lembro se o Ari entrou. Mas me recordo que Fabinho ficou no alto do abismo fazendo a segurança.
Foi uma festa! Mas, por ter entrado primeiro, devido ao calor, de já ter o dia todo andado na caatinga em meio ao calor, eu subestimei minhas forças e a bateria foi arriando. Nisso eu olhava a porra da corda e da escadinha e me perguntava se dava para subir. Cheguei ao ponto de sugerir colocarem o 147 em cima do lajedo, praticamente destruindo o carro, e me puxarem para o alto.
Graças a Deus que eu estava acompanhado de pessoas maravilhosas como Chico, Ari, Neilton e principalmente Fabinho, pois todos foram fantásticos em me dar uma força, incentivar para subir a escadinha.
E assim eu fiz. Subi pensando em muitas coisas, até na Magda Cotrofe. Buscava deixar de pensar no aperto que estava passando e queria logo deixar aquela situação. Subia, parava, descansava, subia de novo e a galera dando força.
Finalmente no parapeito, onde no alto estava Fabinho, que foi superimportante para dar uma senhora força para eu subir.
Ocorre que na tentativa de passar do parapeito, o Fabio agarrou a minha mão, mas devido ao suor acabei me soltando ele. Despenquei no ar. Chico disse que viu aquele “mulambo de gente” (No caso, eu!) caindo de baraços abertos.
Graças a Deus que a corda, a segurança feita por Chico, e o material de rapel me seguram legal. Quando a corda esticou fui arremessado para a parede e chapei dei de cara na pedra. Resultado foi abri um corte que tenho até hoje no lábio superior. 
Depois dessa, subi rapidinho. A galera que estava em baixo disse que subi “feito um rato”. Depois da subida eu fiquei no túnel bem uma meia hora me tremendo e suando. Acho que tomei uns dois litros de água enquanto me recompunha. 
Essa foi à história do Abismo do Desespero.
Qual foi meu erro? Na ira de descer para explorar aquele novo lugar, de ser o primeiro, passei por cima de milhares de regras de segurança e quase que me torava no meio.
Mas Deus me deu uma chance e hoje, mesmo com um bom peso, mais de 40, continuo cavernando e convivendo com os mesmos amigos que fiz a mais de vinte anos. 
Logicamente que hoje não posso mais fazer o que fazia no passado, isso fica para a galera de Jandaíra, que está cumprindo maravilhosamente bem o seu papel, segundo os relatos de Solon. Hoje utilizo outras capacidades que, em um trabalho em grupo, tem a sua importância.
Um abração pessoal.


Ilustração do Abismo do Desespero, Jandaíra/RN.









Um comentário:

  1. Me lembro dessa época,essa caverna fica na fazenda de meu pai(Kico de Cacau),e foi ele quem a descobriu,eu conheci chico da CECAVE e informei que na fazenda de meu pai tinha uma caverna muito funda,ai eles foram lá esplora-la.Quase que um deles não sobe ,aí colocaram o nome da caverna do desespero.Se não me engano são:22m de profundidade por 12m de largura.

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