quarta-feira, 2 de maio de 2012

Topografia no Abismo das Vespas



Por Jan Pierre Martins

A topografia nas Vespas foi uma atividade na qual nós queremos esquecer, mas antes tirar muitos ensinamentos. Abismo das Vespas é uma caverna situada na cidade de Felipe Guerra.
Organizamos uma expedição de topografar o abismo e se desse fazer algumas fotos, pois não tínhamos nem um material da caverna. Saímos do acampamento da Rainha, outra caverna da cidade, com 50m de corda e nosso almoço. Ao chegar na caverna, deparamos com um lance vertical de 30m de profundidade, de início buscamos por alguns spits deixados pela equipe de São Paulo que já tinha explorado o abismo, mas nada encontramos e decidimos fazer uma ancoragem natural usando duas arvores que estavam perto do abismo para não gastar tempo colocando parabolts e se arriscando no “gargalo” da caverna.
Após alguns minutos se equipando Solon desceu primeiro desenhando a caverna, eu fiquei ancorado na entrada, anotando a leitura do equipamento e Hyurann preparando nossa refeição, já que ele optou não fazer o lance livre.
Após o término da topografia eu desci enquanto Solon ficou num patamar no meio da caverna, com isso pude da uma explorada na caverna quando terminei de descarregar os equipamentos. A caverna era gigantesca, seu teto alcançava uns 20m de altura e o mais impressionante era que em meio a escuridão umas sementes das arvores lá de cima germinavam nas profundezas, era uma espécie de “planta troglóbio” seu caule era incolor e não tinha folhagem, ficamos impressionados com a capacidade de adaptação daquele ser.
Quando montamos o material para fotografar a caverna deparamos com um velho problema encontrado em fotografia de cavernas, a iluminação, no entanto com muito trabalho conseguimos fazer umas fotos.
Daí, preparamos para subir, e como o fotógrafo era Solon, fui primeiro para que nós pudéssemos fazer uma foto daquela subida nada entusiasmante. Quando cheguei lá em cima, Hyurann mim deu todo o apoio de segurança para transposição dos equipamentos.
Era aí que a expedição começava a ganhar pareceres de filme de terror, assim que eu prendi minha segurança, um barulho vinha em nossa direção. Rapidamente olhamos para o lajedo e vimos o temporal que despencava e varria tudo e logo nos atingiu. Ficamos atordoados, tentando salvar os equipamentos fotográficos da forte chuva, quando nos lembramos de que nosso amigo Solon estava subindo o abismo. Rapidamente nos ancoramos as arvores e ficamos auxiliando sua subida, toda à água que descia o morro ia diretamente para o abismo, criando uma gigantesca catarata que fez Solon transpor o equipamento e rapidamente se afugenta da força da água no fundo da caverna.
Quando o temporal passou, Solon chega à superfície todo enlameado e fascinado com o que tinha acabado de ocorrer. Depois disso fomos para o acampamento que também estava destruído, colocamos tudo no carro e partimos para pousada, com a topografia e as fotos em mãos, partimos daquela cidade jurando que nunca mais voltaríamos no período do inverno.

Foto: Solon Almeida Netto
Após todo o trabalho do Abismo das Vespas ao chegar em nossas casas a única foto que nos restou foi essa. A minha subida no Abismo, antes do temporal.

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